segunda-feira

Dor incurável

Hoje. Domingo ao crepúsculo. Frio. Silêncio e tranquilidade paira. Contudo, dentro de mim não é domingo, nem há silêncio e nem tranquilidade. Meu ego grita, suplica, implora para ser ouvido. Não é dor que ele sente, mas falta. Agora, falta do quê? Tenho tudo, ou pelo o menos penso que tenho. Amar, eu amo, sorrir eu sei, brincar eu posso, sonhar eu consigo, então o que me falta? O que falta para este ser que intrigantemente queixa-se?

A angústia desta questão inquietante domina minha áurea que agora não brilha, ofusca. Angústia que me prende ao medo, a solidão, a tristeza, a melancolia, a depressão. Eu choro. Um choro silencioso que vem de dentro, sem ter cuidado por onde passa, e sai dasarraigando a minha estrutura quebradiça formando um tumor de raivas, ódios, ilusões, sonhos, amigos, inimigos e sentimentos.

Sem menção alguma ele ultrapassa as barreiras do inconsciente e explode, só que na porta do meu coração seco, frígido e ermo. Isso não é mais um coração, é um aterro sanitário que tem mais lixo que pedras preciosas.

Os gritos silenciosos, que nunca foram esquecidos, agora chegam a minha boca. Não consigo expeli-los porque ainda estes sentimentos, amigos, inimigos, raivas e ódios não se desprendem de mim. Daí, não me suporto mais, não me firmo mais, nem tampouco, brilho mais, e explodo mais uma vez em lágrimas silenciosas que vem de dentro. Acontece que nestas veio algo diferente. Eram lágrimas de sangue...