quarta-feira

As 23h

(A dois malucos que cruzaram o caminho)

É fim de tarde. Dia conturbado. Cansativo na verdade, porém divertido. Nos preparamos para nos exibir. Estávamos cuidando da literatura regionalista de um lugar do mundo, mais precisamente de um lugar do hemisfério sul, em particular da América Latina, dum país banhado pelo pacífico sul. Eram literaturas gramaticalmente desacertadas ao extremo, mas na veia linguística - que até então não me havia despertado - tomava dimensões esplendorosas. No quarto quente e úmido há três indivíduos que mais tarde tornariam-se aliados. Um puxa assunto com outro que ainda se espreguiça após o sono longo da tarde e o outro sentado sobre o seu leito aplaude a ideia de interromper o sono pouco merecido do indolente. Minutos passam. Os três saem em linha, meio que escalonar, e conversam sobre assuntos tipicamente masculinos. E fazem suas exibições da literatura ímpar com glamour e muito apreço.

A noite chega. Fria e como sempre calada. Só a noite em bramido nenhum, pois os que dela fazem noite deixam-na mais humanizada adornando-a com gargalhadas. Saem ao lanche, mas agora não são três indivíduos masculinos e sim sete (Vamos lá, sete, o número da perfeição) homogenizados com o temperamento feminino. Perdem tempo procurando algo para comer e nada. E não desistem. E encontram. Daí vale o ditado "quem espera, sempre alcança", neste caso "quem procura sempre acha".

A noite de exibição termina.Todos vão jantar, exceto um. Comem e fartam-se. Se recolhem. Ao abrir a porta do quarto, ainda abafado por ter deixado fechado durante longo período, encontram um dos três deitado sob seu catre. O mais ousado olha e diz: - ele não dorme. E o que tentara repousar, sorri em pureza e cumprimenta os intrusos, que ousaram perturbar o seu sono, com sílabas individuais - e aí!. E a noite começa. Puxam assunto com o que ainda insiste em repousar e ele desiste de resistir as conversas mais imbecis que surgira naquele lugar. Um dos perturbadores da paz alheia se aprochega e pergunta:

- Veio cedo. Estava onde?

E ele responde querendo despistar:
- Vim cedo. Saí com outras pessoas e retornei mais cedo.

Os outros dois que haviam saído contam-lhe os fatos e um lança a opinião que mais parecia concreta:
- Você não estava dormindo. Fingia!

E a partir desta segue a noite...

Não são mais vinte e três horas. Agora são três da matina. Já não tinham sono. Riam de tudo. Comentavam sobre a infância, sobre mulheres, sobre música, sobre ilusões, sobre coisas... sobre a vida (vida particular em especial) e descobriram não só mais uma parceria de viagem, mas uma aliança entre pessoas que tinham algo em comum: a confiança e crença na amizade confidencial.

Um comentário:

  1. Muito bom véio!
    Mas me responda uma coisa:
    quem eram os dois malucos?
    Quem é maluco aqui, doido?
    Hum?
    kkkkkkkk
    Valeu, brother!!

    ResponderExcluir