segunda-feira

O ardor do silêncio

Ouço passos fortes e constantes
Passos firmes e pesados
Pesados como chumbo
Chumbados aos meus ouvidos
Ouvidos deteriorados de ontem
De outros passos pesados.

Pisaram-me. Dilaceram-me.
Não existo. Apenas ouço.
E ouço bem, mas muitos...
Muitos passos pesados
Pesados que nunca chegam
Mas querem chegar.

Ainda ouço. Ouço bem. Mas não são passos...
Cavalgadas, ou melhor, galopes.
É ela!
O ar frio que sai das minhas narinas
Congelam meus lábios
Enrijecem meus membros.
É ela!
Chegou. Sem me avisar. Chegou.
Não posso mais ouvir.
Outrora não existia, e agora nem existo e nem ouço.
Posso enfim descansar.
Só não sei se em paz.
Porque onde agora estou
Me faz arder os pés, e as mãos, e os olhos e o coração...

2 comentários:

  1. Que lindo, Fábio!!!
    Você e sua sensibilidade que toca a alma da gente.
    Saudade...
    bjo grande

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  2. E agora, não basta a introspecção e a ironia, me vem com o silêncio... Lindo!!!!!!!!!!!!!!! Saudade...
    Cheiro

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